segunda-feira, 19 de maio de 2014

Virada Cultural, dez anos em São Paulo, uma reflexão.



Por uma questão de trabalho participei da Virada Cultural em São Paulo, nesse final de semana na noite de 17 de maio desse 2014, justamente no ano, em que o evento completou dez anos de realização. Sem querer entrar no mérito das motivações dos criadores e organizadores, penso ser salutar fazer uma reflexão sobre o mesmo, uma vez que mobiliza milhares de pessoas, equipamentos, veículos, uso de espaços e recursos públicos de nossa cidade, oriundos de todos nós que pagamos os nossos impostos.

Música, arte, teatro, dança e circo são manifestações culturais legítimas de povos e culturas na história da humanidade. Evidente que numa cidade como São Paulo, há um clamor, apelo e necessidade maior dessa demanda, face às suas peculiaridades – as cidades tem essa característica. Proporcionar atrações artísticas, culturais e lazer ao povo é plenamente aceitável e, cabe aos governantes esse papel, o que do ponto de vista político pode ser um capital muito significativo para eles. 

Mas, o contraponto nessa reflexão é o preço que se paga, para proporcionar lazer, cultura e diversão ao povo paulistano e no caso específico na região central da cidade. A nosso ver, um preço muito alto, uma vez que dada à grandeza do evento, ele também se torna um convite à prática da violência, manifestada através de discussões e palavras de baixo calão, arrastões, assaltos, embriaguez, acidentes pessoais, depredações e vandalismo do patrimônio público e particular, uso de arma de fogo, consumo de maconha – ainda não autorizada em nosso país - outras drogas lícitas e ilícitas, reclamações dos moradores do centro da cidade com o barulho e outros conflitos que abrangem um acontecimento dessa natureza.

Ver, ouvir, cantar, fotografar, dançar, aplaudir, vibrar, chorar, pular são sentimentos e emoções, que não tem preço e, quando o fazemos ou experimentamos ao lado e com pessoas as quais elegemos como ícones e referenciais em nossas vidas é algo incrível.

Um aspecto considerado por parte da imprensa nos eventos desse ano foi  a diminuição do público presente, talvez em função dos fatores negativos que citei anteriormente ou até mesmo pela onda de protestos que permeiam a cidade. Outro aspecto a ser considerado é incapacidade da sociedade de realizar atos como esse, sem o consumo de bebidas alcoólicas, que cooperam para comportamentos muito além da normalidade.

O fato é que nesses dias de tantos protestos, que antecedem a Copa do Mundo em nosso país, e após ter presenciado alguns fatos lamentáveis na Virada Cultural em São Paulo, reflito e concluo que não há Virada Cultural e nem Copa do Mundo, que valha o sacrifício de uma vida humana, afinal disse Jesus: “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Marcos 8.36). Assim, até que ponto vale uma Virada?

Marcos Queiroz, pr.

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